1870 – GUERRA DO PARAGUAI
A Guerra do Paraguai foi o maior conflito armado internacional ocorrido
na América do Sul. Ela foi travada entre o Paraguai e a Tríplice Aliança,
composta por Brasil, Argentina e Uruguai. A guerra estendeu-se de dezembro de
1864 a março de 1870. É também chamada “Guerra de la Triple Alianza”, na
Argentina e Uruguai, e de “Guerra Grande”, no Paraguai.
O conflito iniciou-se com a invasão da província brasileira de Mato Grosso
pelo exército do Paraguai sob ordens do presidente Francisco Solano López (esq). O
ataque paraguaio ocorreu após uma intervenção armada do Brasil no Uruguai, em
1863, que pôs fim à guerra civil uruguaia ao depor o presidente Atanasio
Aguirre, do Partido Blanco, e empossar seu rival colorado, Venancio Flores. López temia que o Império brasileiro e a República Argentina viessem a
desmantelar os países menores do Cone Sul. Para confrontar essa suposta ameaça, López esperava contar com o apoio dos blancos, no Uruguai, e dos
caudilhos do norte da Argentina. O temor do presidente paraguaio levou-o a
aprisionar, em 11 de novembro de 1864, o vapor brasileiro Marquês de Olinda,
que transportava o presidente da província de Mato Grosso, mas que o governo
paraguaio suspeitava que contivesse armas. Seis semanas depois, o Paraguai
invadiu o Mato Grosso. Antes da intervenção brasileira no Uruguai, Solano López
já vinha produzindo material bélico moderno, em preparação para um futuro
conflito.
Brasil, Argentina e Uruguai, aliados, derrotaram o Paraguai após mais
de cinco anos de lutas durante os quais o Brasil enviou em torno de 150 mil
homens à guerra. Cerca de 50 mil não voltaram.
Argentina e Uruguai sofreram perdas proporcionalmente pesadas — mais de 50% de
suas tropas morreram durante a guerra. Já as perdas humanas sofridas pelo Paraguai são
calculadas em até 300 mil pessoas, entre civis e militares, mortos em
decorrência dos combates, das epidemias que se alastraram durante a guerra e da
fome.
A derrota marcou uma reviravolta decisiva na história do Paraguai,
tornando-o um dos países mais atrasados da América do Sul, devido ao seu
decréscimo populacional, ocupação militar por quase dez anos, pagamento de
pesada indenização de guerra, no caso do Brasil até a Segunda Guerra Mundial, e
perda de praticamente 40% de seu território para o Brasil e Argentina. Após a
Guerra, por décadas, o Paraguai manteve-se sob a hegemonia brasileira.

Indubitavelmente, o tom agressivo da política expansionista do ditador
paraguaio, Solano Lopez, dificultava a criação de qualquer outro tipo de
solução que escapasse ao confronto direto. A própria maneira abrupta com que as
forças paraguaias se indispuseram com o Estado brasileiro e as antigas rixas
perpetuadas junto aos argentinos mostravam os grandes empecilhos criados. Por
mais simples e coerente, a proposta tupiniquim de livre navegação na bacia
platina se tornou uma mera utopia.


Teoricamente esse teria sido o momento ideal para que aquela
desgastante guerra de quatro anos chegasse ao seu fim. O ressentimento causado
por aquela guerra fez com que as autoridades brasileiras se mostrassem
favoráveis à captura do refugiado Solano Lopez. Durante mais um ano, os
exércitos do país tiveram que dar continuidade àquela luta que passava a perder
completamente o sentido. De justificável, a guerra se tornava um prato cheio
para todos aqueles que se opunham politicamente ao governo imperial.

Nenhum comentário:
Postar um comentário