1961 - GRAN CIRCUS NORTE-AMERICANO
O que era para ser uma inesquecível tarde de domingo com a estreia do
Gran Circus norte-americano em Niterói, tornou-se o dia mais triste da história
da cidade.

O pânico foi imediato. Chamas, fumaça, calor, gritos. Pessoas desesperadas
buscavam as saídas, esbarrando-se umas nas outras e atropelando as que caiam no
chão. O fogo, ao alcançar a cúpula da arena fez com que a lona desabasse.
Quando chegou ao local o primeiro contingente do Corpo de Bombeiros, nada mais
havia a fazer senão resgatar os sobreviventes, pois em pouco mais de 50
minutos, só restavam, além de destroços, corpos carbonizados e pisoteados. Além
das quase 400 mortes registradas no local do incêndio, mais uma centena de
vítimas não resistiu aos ferimentos e morreu nos dias subsequentes. Além do
mentor do crime, réu confesso, dois outros cúmplices foram condenados.

No dia da estreia, 15 de dezembro de 1961, o circo estava tão cheio que
Danilo Stevanovich mandou suspender a venda de ingressos, para frustração de
muitos. Nessa noite, Dequinha tentou entrar no circo sem pagar, mas foi visto e
impedido pelo tratador de elefantes Edmílson Juvêncio.
No dia seguinte, 16 de dezembro, um sábado, Dequinha continuava a
perambular pelo circo e começou a provocar o funcionário Maciel Felizardo, que
era constantemente acusado de ser o culpado da demissão de Dequinha. Seguiu-se
uma discussão e Felizardo agrediu o ex-funcionário, que reagiu e jurou
vingança.
Na tarde de 17 de dezembro de 1961, Dequinha convidou José dos Santos,
o Pardal, e Walter Rosa dos Santos, o Bigode, com o plano de colocar fogo no
circo. Eles se encontraram em um local denominado Ponto de Cem Réis, no bairro
Fonseca, e decidiram pôr em prática o plano de vingança. Um dos comparsas de
Dequinha, responsável pela compra da gasolina, advertiu o chefe sobre a lotação
esgotada do circo e o iminente risco de mortes. Dequinha, porém, estava
irredutível: queria vingança e dizia que Stevanovich tinha uma grande dívida
com ele.
Com 3000 pessoas na plateia, faltavam vinte minutos para o espetáculo acabar quando uma trapezista percebeu o incêndio. Em pouco mais de cinco minutos, o circo foi completamente devorado pelas chamas. 372 pessoas morreram na hora e, aos poucos, vários feridos morriam, chegando a 500 o número de vítimas fatais, das quais 70% eram crianças. A lona, que chegou a ser anunciada como sendo de náilon, era, na verdade, feita de tecido de algodão revestido de parafina, produto altamente inflamável.
Com base no depoimento de funcionários do circo que acompanharam as ameaças de Dequinha, ele foi preso em 22 de dezembro de 1961. Os cúmplices Bigode e Pardal também foram presos. Em 24 de outubro de 1962, Dequinha foi condenado a dezesseis anos de prisão e a mais seis anos de internação em manicômio judiciário, como medida de segurança. Em 1973, menos de um mês depois de fugir da prisão, foi assassinado. Bigode, por sua vez, recebeu 16 anos de condenação e mais um ano em colônia agrícola. Finalmente, Pardal foi condenado a 14 anos de prisão e mais dois anos em colônia agrícola.
O PROFETA QUE NASCEU DAS CINZAS

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