1911 - O INCÊNDIO NA TRIANGLE
O incêndio que aconteceu no dia 25 de março de 1911 na Triangle
Shirtwaist Company, tecelagem de Nova York, matou 146 mulheres, entre 13 e 25
anos, na maioria imigrantes italianas e judias, que trabalhavam na fábrica. A
tragédia só matou tanta gente por que as portas do galpão ficavam trancadas por
fora, para impedir que as trabalhadoras deixassem seus postos ou roubassem
mercadorias. O incêndio e sua cobertura na imprensa deram uma grande força ao
movimento dos direitos trabalhistas nos EUA no início do século.
Há várias versões para a origem do Dia Internacional da Mulher, mas
todas remetem a greves de trabalhadoras têxteis desde a Revolução
Industrial. Em 8/3/de 1857, tecelãs de Nova York
realizaram uma marcha por melhores condições de trabalho, diminuição da carga horária e igualdade de direitos. Na
época, a jornada de trabalho feminino chegava a 16 horas diárias, com salários
até 60% menores que os dos homens.
Além disso, muitas sofriam agressões físicas e sexuais. Uma das versões
do desfecho da marcha é a de que as manifestantes teriam sido trancadas na
fábrica pelos patrões, que atearam fogo no local, matando cerca de 130
mulheres. O fim mais aceito, porém, é o da interrupção da passeata pela
polícia, que dispersou a multidão com violência. A versão do incêndio é,
provavelmente, uma confusão com a tragédia da Triangle Shirtwaist Company.
A falta de medidas de segurança do local - as portas teriam sido
trancadas para evitar a saída das empregadas - foi apontada como o motivo do
alto número de mortes. O episódio foi um marco na história do trabalho operário
americano. Vários protestos se seguiram nos 8 de março seguintes. Um dos mais
notáveis - também reprimido pela polícia - ocorreu em 1908, quando 15 mil operárias
protestaram por seus direitos.
Em 1910, na Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas,
na Dinamarca, a alemã Clara Zetkin propôs que a data fosse usada para comemorar
as greves americanas e homenagear mulheres de todo o mundo. A greve das
trabalhadoras de Petrogrado (atual São Petersburgo), na Rússia, em 23 de
fevereiro de 1917 (8 de março no calendário ocidental), também foi um marco da
data. Hoje, ela é símbolo da luta pelos direitos da mulher, e foi oficializada
pela Unesco em 1977.
A Triangle Company ocupava os três últimos andares do edifício Asch, de
dez andares, que fazia esquina entre as ruas Greene Street e Washington Place,
e empregava cerca de 600 trabalhadores, a maioria constituída por mulheres
jovens imigrantes que trabalhavam 14 horas por dia, em semanas de trabalho de
60-72 horas, costurando vestuário por modestos salários entre os 6 e os 10
dólares por semana.
A empresa já se tornara midiática em 1909, com uma grande greve de
mulheres costureiras coordenadas pelo histórico sindicato International Ladies'
Garment Workers' Union, que tentava negociar um acordo coletivo; a Triangle
teria se recusado a assinar o acordo.
As condições da fábrica eram as típicas da época: têxteis inflamáveis
guardados em toda a fábrica, fumar era frequente, a iluminação era a gás e não
existiam extintores de fogo. Durante a tarde de 25 de março de 1911, irrompeu
um incêndio. Os operários do décimo e oitavo andares foram notificados e a
maioria salvou-se. No entanto, o alerta para o nono andar tardou a chegar.
O nono andar dispunha de duas saídas apenas. Uma escadaria já se
encontrava cheia de fumaça e chamas quando os operários se deram conta de que o
edifício estava em chamas. A outra porta estava fechada, ostensivamente, para
evitar que as operárias roubassem materiais ou fizessem pausas. A única saída
de emergência, exterior, depressa se arruinaria pelo peso das operárias que
tentavam escapar. O elevador também parou, eliminando essa possibilidade de
fuga.
Percebendo que estavam sem saída, e devido ao calor intenso, algumas
trabalhadoras lançaram-se das janelas, a uma altura de nove andares. Outras
forçaram as portas do elevador, lançando-se pelo fosso. Poucas sobreviveram a
estas quedas. As restantes esperaram até que o fogo as consumisse. Os bombeiros
chegaram rápido, embora não houvesse escadas disponíveis que dessem acesso além
do sexto andar. Um único sobrevivente foi encontrado, estando próximo do
afogamento. O total de mortos foi de 146, sendo que 91 pereceram no incêndio e
54 nas quedas.
Alvaro, parabéns pelo artigo; a propósito, a "HBO" estará exibindo um documentário a respeito desta tragédia neste mês; a saber:
ResponderExcluirHBO HD dom, 10/03/2013 03:50
HBO dom, 10/03/2013 06:45
HBO HD seg, 18/03/2013 02:20
HBO HD ter, 19/03/2013 17:40
HBO HD sex, 22/03/2013 00:25
HBO HD sex, 29/03/2013 06:25
Max qui, 18/04/2013 10:10
Max seg, 22/04/2013 17:10
Um abraço
Renato