79 d.C. – OS PETRIFICADOS DE POMPEIA
Pompeia ou Pompeios foi uma cidade do Império Romano situada a 22
quilômetros da cidade de Nápoles, na Itália. A antiga cidade foi destruída
durante uma catastrófica erupção do vulcão Vesúvio em 79 d.C., que provocou uma
intensa chuva de cinzas que sepultou completamente a cidade. Ela se manteve
oculta por 1600 anos, até ser reencontrada em 1749.
Cinzas e lama protegeram as construções e objetos dos efeitos do tempo,
moldando também os corpos das vítimas, o que fez com que fossem encontradas do
modo exato como foram atingidas pela erupção. Desde então, as escavações
proporcionaram um sítio arqueológico extraordinário, que possibilita uma visão
detalhada na vida de uma cidade dos tempos da Roma Antiga.
Igualmente chocante são os corpos dos habitantes que sucumbiram diante
do vulcão, já que também ficaram preservados, mas em forma de corpos
petrificados. É possível ver um
indivíduo em posição de prece e até o corpo
petrificado de um cão.
A posição em que as vítimas foram encontradas é uma das provas de que a
morte foi instantânea. A posição dos moldes é a típica reação chamada cadaveric
spasm ("espasmo cadavérico" em tradução literal do inglês), um
enrijecimento muscular que ocorre no momento da morte, a posição vital na qual
a pessoa foi atingida pela onda de calor.
O Vesúvio espalhou uma nuvem mortal de rochas, cinzas e fumaça a uma altura de mais de 300 quilômetros, cuspindo lava e púmice a uma proporção de 1,5 milhão de toneladas por segundo e liberando no total uma energia térmica centenas de milhares de vezes maior do que a do bombardeamento de Hiroshima. Estima-se que 16 mil cidadãos de Pompeia e Herculano tenham morrido devido ao fluxo piroclástico hidrotermal de temperaturas superiores a 700o C. Desde 1860, quando escavações sistemáticas passaram a ser realizadas em Pompeia, os arqueólogos descobriram nos limites da cidade as cascas dos corpos de 1.044 vítimas.
Por volta do século I d.C., Pompeia era uma das várias cidades
localizadas no entorno do Vesúvio. O local tinha uma população expressiva, que
se mantinha próspera graças à renomada terra fértil da região. Muitas das
localidades vizinhas a Pompeia, como Herculano, também sofreram danos e
destruição severa com a erupção de 79.
Um estudo vulcanológico multidisciplinar e bio-antropológico das
consequências e vítimas da erupção, aliado à simulações e experimentos
numéricos, indicam que no Vesúvio e nas cidades circunvizinhas o calor foi a
principal causa de morte, no que anteriormente se supunha ser devido às cinzas
e sufocação. Os resultados do estudo demonstram que a exposição ao calor de
pelo menos 250 °C a uma distância de 10 quilômetros da erupção foi suficiente
para causar morte instantânea, mesmo daqueles abrigados em construções.
A população e construções de Pompeia foram cobertos por doze diferentes
camadas de piroclasto, que caiu durante seis horas e totalizou 25 metros de
profundidade. Plínio, o Jovem forneceu um relato de primeira-mão da erupção do
Vesúvio de sua posição em Miseno, do outro lado do golfo de Nápoles, numa
versão escrita 25 anos após o evento. A experiência provavelmente ficou gravada
em sua memória devido ao trauma da ocasião e também pela perda de seu tio,
Plínio, o Velho, com o qual ele tinha uma relação próxima. Seu tio morreu
enquanto tentava resgatar vítimas isoladas; como almirante da armada, ele havia
ordenado que os navios da Marinha Imperial atracados em Miseno atravessassem o
golfo para auxiliar nas tentativas de evacuação.
Depois que as grossas camadas de cinzas cobriram Pompeia e Herculano,
estas cidades foram abandonadas e seus nomes e localizações eventualmente
esquecidos. A primeira vez em que parte delas foi redescoberta foi em 1599,
quando a escavação de um canal subterrâneo para desviar o curso do rio Sarno
esbarrou acidentalmente em muros antigos cobertos de pinturas e inscrições.
O
arquiteto Domenico Fontana foi então chamado e escavou alguns outros afrescos
antes de mandar que tudo fosse coberto novamente. Tal procedimento foi visto
posteriormente tanto como um ato de preservação do sítio para gerações
posteriores quanto um ato de censura, considerando-se o conteúdo sexual das
pinturas e o clima moralista e classicista da contra-reforma na época.
Herculano (foto à direita) teve sorte diferente de Pompeia. A lava e as lamas queimaram a cidade. Pompeia por outro lado foi subterrada pelas cinzas do Vesúvio que a deixaram com mais vestígios. Ela foi redescoberta em 1738 por operários que
escavavam as fundações do palácio de verão do Rei de Nápoles, Carlos III.
Pompeia foi redescoberta como resultado de escavações intencionais realizadas
em 1748 pelo engenheiro militar espanhol Rocque Joaquin de Alcubierre. As duas
cidades passaram então a ser exploradas, revelando muitas construções e
pinturas intactas.
No começo da exploração, descobriu-se que espaços vagos ocasionais nas
camadas de cinzas continham restos humanos. Percebeu-se que aqueles eram
espaços deixados por corpos decompostos, desenvolvendo-se então uma técnica de
injetar gesso neles para recriar perfeitamente o formato das vítimas do
Vesúvio. O resultado foi uma série de formas lúgubres e extremamente fiéis dos
habitantes de Pompéia incapazes de escapar, preservados em seu último instante
de vida, alguns com uma expressão de terror claramente visível. Esta técnica é
utilizada até hoje, mas com resina no lugar do gesso, por ser mais durável e
não destruir os ossos, o que permite análises mais aprofundadas.
Em 1819, quando o rei Francisco I das Duas Sicílias, acompanhado de sua
esposa e filha, visitou uma exposição sobre Pompeia no Museu Arqueológico
Nacional de Nápoles, ficou tão constrangido com as obras de arte eróticas que
decidiu trancafiá-las em um gabinete secreto, acessível apenas a "pessoas
maduras e de moral respeitável". Aberta, fechada, reaberta novamente e por
fim lacrada por quase 100 anos, a câmara foi tornada acessível novamente no
final da década de 1960, e finalmente reaberta para visitação em 2000. Menores
de idade, no entanto, só podem visitar o ex-gabinete secreto na presença de um
responsável ou com autorização por escrito.
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