1885 – CHAPÉU DE SOL NO CORCOVADO
Por séculos, o pico do Corcovado foi somente objeto de contemplação,
ninguém em sã consciência pensaria em subir até local tão inacessível e
perigoso. Tudo começou a mudar no século XVIII, quando a falta de água forçou
as autoridades a criarem um sistema de captação e transporte do líquido até o
Centro da cidade, através de um aqueduto e dos Arcos, em seu trecho final. Com
essa obra, passou a existir um caminho que ia até a origem das águas do rio
Carioca, nas montanhas do Corcovado, o que levou os primeiros exploradores do
século XIX a realizarem o ousado feito em lombo de burro ou cavalo, subindo a
partir da Ladeira de Santa Teresa pelo trajeto das atuais ruas Joaquim Murtinho
e Almirante Alexandrino, junto ao aqueduto.
O acesso à montanha só deixaria de ser uma aventura quando, em 1882, os
engenheiros Francisco Pereira Passos e João Teixeira Soares receberam
autorização para a construção de uma estrada de ferro que fosse do Cosme Velho
até o Corcovado, tornada possível pela recente invenção da tração por
cremalheira, do suíço Riggenbach. A obra foi inaugurada em 9 de outubro de
1884, no trecho entre o Cosme Velho e as Paineiras, honrada com a presença do
Imperador D. Pedro II e sua família. Os visitantes tiveram o privilégio de
realizar uma viagem de sonho por uma floresta quase virgem, da qual se
descortinavam fantásticas paisagens, que até então pouquíssimos haviam
conhecido.
Em 1º de Janeiro de 1885, a ferrovia chegava até o Alto do Corcovado,
ao mesmo local de hoje em dia, e daí subia-se até a plataforma de observação,
no local da atual estátua. Para proteger os visitantes do sol inclemente, foi
construído um pavilhão de ferro com 13,5 metros de diâmetro, cuja função e
formato circular fez com que recebesse o apelido apropriado de "Chapéu de
Sol", que foi demolido em 1942 para a construção do Cristo Redentor.
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